Afinal, missa on-line ‘vale’?

Jul 27 / Luiz Vianna
No tempo de pandemia, fomos movidos para as missa on-line. Agora, passada essa dura fase, será que a missa online pode substituir a missa presencial?

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Se você parou para ler este artigo por pura curiosidade, podemos seguir. Mas, se você veio até aqui para saber se a missa on-line realmente “vale”, precisamos fazer uma pausa para meditarmos com cuidado sobre esse tema.

A missa é a atualização do sacrifício de Jesus na cruz, sobre o altar. Naturalmente, Jesus não sofre novamente as dores da Paixão, mas de modo misterioso e incruento (sem derramamento de sangue) se oferece novamente, aplicando sobre nós os merecimentos infinitos da Sua Redenção.

Nos lembra São Lourenço Justiniano: 

"Nenhuma língua humana pode expressar os enormes e preciosos frutos e graças que emanam da Celebração do Santo Sacrifício da Missa, em especial para os fiéis dignamente participantes: O pecador encontra ali a disposição para a sua reconciliação com Deus, e o justo, a sua purificação e perfeição mais amplas. Ali, os pecados são perdoados, ao menos os veniais, os vícios afogados, as virtudes aumentadas e as insídias de Satanás são desbaratadas."

O centro da missa é a Eucaristia. Nela, como sabemos, Jesus se apresenta para nós em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. De forma prática, Jesus vem até nós para um encontro pessoal. Por meio da Eucaristia, temos a oportunidade do encontro mais próximo com Deus que poderemos ter nesta vida, de tocar Deus, literalmente.

Se cremos firmemente nessa realidade, acredito que o texto poderia parar por aqui. Quem poderia, em sã consciência e nesta fé, perder a oportunidade de se encontrar pessoalmente com Deus?

Em nosso curso de Catequese para adultos, minha esposa e eu costumamos fazer uma provocação com nossos alunos. Dizemos: “Imaginem se disséssemos a vocês que amanhã Jesus virá pessoalmente aqui na paróquia e que vocês terão a oportunidade de ficar individualmente com Ele. Vocês viriam?”.

Claro, todos respondem que sim. Em seguida concluímos: “Então, podem vir, que tem missa!”. A brincadeira pode parecer tola, mas é a pura realidade.

A secularização tirou da sociedade, e até mesmo de muitos de nós, católicos, o senso do sobrenatural. Por isso, tornamos o mundo como algo mais importante até mesmo que a realidade da nossa salvação.

Seríamos capazes de nos enfileirar para encontrar alguém importante da sociedade, mas damos de ombros para encontrar o próprio Deus.

Estamos muito ocupados com nossos afazeres, com nossas realidades, e perdemos oportunidades de que Deus participe de todas essas realidades. Nós nos afastamos de Deus, e, ao mesmo tempo, reclamamos com Ele, quando algo não vai bem.

Veja que já passada metade do artigo, não me referi ao termo “preceito”. E, além deste parágrafo, verá que não voltarei nele, e explico o porquê. Não podemos nos manter numa fé “legalista”, em que achamos que nossa salvação se dará pela simples atenção a um conjunto de regramentos com o menor dos esforços.

A salvação não pode ser encarada apenas como mais um canal na TV ou no YouTube, como uma oferta que alcançamos apenas com o uso do controle remoto. Alguma forma de pasteurização na qual, em um dia, com a pipoca, assistimos a uma série, e no outro, assistimos a uma missa. Ou como se estivéssemos num campeonato de pontos corridos em que o inferno é apenas o rebaixamento para uma segunda divisão.

Assim, a excepcionalidade que vivemos nos períodos de pandemia não pode ser tratada como um “novo normal”; aliás, confesso que não gosto muito desse termo.

Deus é sempre o mesmo, a missa tem o mesmo significado desde a Santa Ceia, a salvação não sofreu nenhum “grande reset”, o inferno não foi cancelado.

Então, deixemos nossas desculpas de lado, o cobertor no sofá e a TV, meio para tantos ataques a Nosso Senhor, desligada. Coloquemos nossa “roupa de missa”, e lutemos, de fato, por nossa salvação, que nos custará a eternidade.

A missa é o melhor remédio contra todos os nossos males, a Santa Eucaristia, a fonte de todas as nossas necessidades. Neste amor infinito que ali nos espera, encontraremos nossas respostas, nosso conforto.

É na missa que encontraremos “presencialmente” o próprio Deus, fonte de todo o amor. O quanto, afinal, isso “vale”?
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